quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Governador disse que estupraria ministro Carlos Minc


Matéria na integra no site: Ultimo segundo Brasil

"O governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), pediu desculpas pelas declarações feitas nesta terça-feira em relação ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Em um evento com empresários pela manhã, em seu gabinete, Puccinelli teria xingado Minc com palavras de baixo calão e desafiado o ministro a não aparecer no Estado.

Imagem: André Puccinelli


De acordo com a mídia local, o governador teria declarado que o ministro é "veado e fumador de maconha". E sobre a possibilidade do Minc ir a Mato Grosso do Sul para uma maratona, Puccinelli teria afirmado: “Se ele viesse, eu ia correr atrás dele e estuprar em praça pública”. "


Acho que esse fato não deve passar em branco por nenhum de nos, este é um exemplo claro quando se relaciona um poder enraizado no tradicionalismo e no atraso político de nosso país. Que político teria em sua Sã consciência condições de brincar com esse tipo de coisa?! O que pensa as pessoas que sofreram abusos sexuais ao escutar este tipo de comentário, saindo da boca de um Governador em direção a um Ministro do Meio Ambiente?

Imagina as políticas de prevenção ao crime, as políticas contra a prostituição de menores, as políticas em defesa da mulher, entre tantas outras medidas que um governador como este não deve tomar durante seu mandato...

Enquanto não existir punições claras e duras aos políticos corruptos, o que pode vir a ser uma ingenuidade de minha parte, não haverá estabelecimento da ordem e da moral, afinal como já diria Durkheim, a pena não vem a ser para reintegrar o individuo na sociedade, mas antes de tudo fazer com que a moral da sociedade não seja abalada por eventuais crimes, seria mais um exemplo do que uma punição.

Em relação ao Ministro do Meio Ambiente, na postagem abaixo segue um pequeno exemplo de como anda a preocupação em relação ao meio ambiente no Brasil... um pequeno pedaço de minha monografia.

O desmatamento da Amazônia

Uma pequena parte da minha monografia no qual relaciono o desmatamento da Amazônia com a pecuária. É evidente que qualquer cultura em larga escala vêm a trazer danos ambientais, seja a cana-de-açúcar, a pecuária ou a soja... mas a conclusão que quero chegar junto com a postagem acima é que quem estiver no cargo de Ministro do Meio Ambiente e for uma pessoa que tem realmente fortes ideais, possivelmente será colocada fora ou sairá por conta própria como fez a Ex Ministra Marina Silva.


Este fato reflete as relações de poder emaranhadas como sempre nas políticas públicas e econômicas de nosso país, afinal de contas, um governador que faz um pronunciamento desses certamente acredita que não será atingido devido suas influências políticas ou o próprio poder político e econômico.


...

Outro site de noticias, o Alerta em Rede, frisou no dia 28 de janeiro de 1998, que a agricultura e a pecuária são as principais causas de desmatamento da Amazônia, com dados do IBAMA e do INPE. Segue-se o seguinte trecho:

“Demorou, mas aconteceu. O recente relatório sobre o desflorestamento da Amazônia brasileira, elaborado pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) em conjunto com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), aponta como principal causa do desmatamento da Amazônia a "conversão" da floresta em áreas para a agricultura e pecuária.”[i]

O portal da globo.com, o G1, não deixou de associar o desmatamento da Amazônia e a pecuária. Em uma matéria no dia 31 de janeiro de 2008, a então polêmica ministra Marina Silva culpou a pecuária pelo desmatamento daquela floresta:

“Se faz o desmatamento predatório, tirando de forma irresponsável as árvores nobres. Não é plano de manejo. Aquilo ali é uma rapina. Depois se ateia fogo de forma criminosa e se joga capim. 70% da ocupação dessas terras que são degradadas são feitas pela atividade da pecuária. Sorte que nos estamos fazendo um trabalho que respeita aqueles que estão fazendo sua atividade de forma correta e vamos publicar a lista desses, mas vamos publicar a lista dos 150 maiores contraventores sim e vamos fazer esse trabalho em parceria com governos estaduais, municipais, próprios setores, aqueles que querem blindar os seus investimentos de forma responsável dessa narrativa perversa de que estão produzindo em prejuízo da Amazônia. Existem as pessoas sérias e existem aqueles que estão destruindo a Amazônia. Para os sérios vamos fazer o devido reconhecimento, para os criminosos o rigor da lei”, disse a ministra.[ii]

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou na mesma matéria “não acreditar que o país esteja passando por um novo surto de desmatamento e que houve ‘alarde’ na divulgação dos números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)”.

Por volta do dia 13 de Junho de 2008, a Ministra Marina Silva pediu demissão do cargo devido à resistência do governo a aprovar projetos ambientais e ter aprovado obras sem seu aval. [iii] Em nota, a WWF e o Greenpeace, além de outras organizações de defesa ambiental, lamentaram a saída da ministra e criticaram o governo brasileiro pelo descaso com a natureza.

O desmatamento da maior floresta tropical no mundo não pára. Segundo fontes do portal G1, encontrados no Globo Amazônia, a cada duas horas uma área igual a do Parque do Ibirapuera em São Paulo foi devastada, em Setembro de 2008. [iv] Sendo que, neste mês, o desmatamento foi baixo, comparado a outros meses, como mostra o gráfico seguinte.

Estes dados têm como objetivo demonstrar a gravidade em que se encontra a Floresta Amazônica e a ligação do desmate e da pecuária.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sociologia no vestibular

A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) disponibiliza as suas provas de vestibular da matéria de sociologia, contendo variados anos. Existem provas objetivas e discursivas com seus respectivos gabaritos, vale a pena conferir.

Dentre as matérias, encontramos questões relativas a Durkheim, Marx, Weber, noções de cultura e cidadania entre outros temas.

Clique aqui para ir à página da instituição.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Poesia

Uma poesia para o blog, essa que é do poeta Lúcio Motta, do 2º ano, como prometido ta ai a postagem! Valew rapaz!


Para se pensar em amor

não precisa ter conhecimento

pois não importa muita coisa

apenas seu sentimento.


Sabe, não sou bom escritor

porque não sei dissertar

mas sei um pouco de tudo

principalmente como te amar.


Porém tento ser poeta

pois sou um garoto sonhador

quero muitas coisas

principalmente seu amor.


Lúcio Motta.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Dois ótimos textos para reflexão

Religião do consumo


O "Financial Times", de Londres, noticiou que a Young & Rubicam, uma das maiores agências de publicidade do mundo, divulgou a lista das dez grifes mais reconhecidas por 45.444 jovens e adultos de 19 países. São elas: Coca-Cola (35 milhões de unidades vendidas a cada hora), Disney, Nike, BMW, Porsche, Mercedes-Benz, Adidas, Rolls-Royce, Calvin Klein e Rolex.

"As marcas constituem a nova religião. As pessoas se voltam a elas em busca de sentido", declarou um diretor da Young & Rubicam. Disse ainda que essas grifes "possuem paixão e dinamismo necessários para transformar o mundo e converter as pessoas em sua maneira de pensar".

A Fitch, consultoria londrina de design, no ano passado realçou o caráter "divino" dessas marcas famosas, assinalando que, aos domingos, as pessoas preferem o shopping à missa ou ao culto. Em favor de sua tese, a empresa evocou dois exemplos: desde 1991, cerca de 12 mil pessoas celebraram núpcias nos parques da DisneyWorld, e estão virando moda os féretros marca Halley, nos quais são enterrados os motoqueiros fissurados em produtos Halley-Davidson.

A tese não carece de lógica. Marx já havia denunciado o fetiche da mercadoria. Ainda engatinhando, a Revolução Industrial descobriu que as pessoas não querem apenas o necessário. Se dispõem de poder aquisitivo, adoram ostentar o supérfluo. A publicidade veio ajudar o supérfluo a impor-se como necessário.

A mercadoria, intermediária na relação entre seres humanos (pessoa-mercadoria-pessoa), passou a ocupar os pólos (mercadoria-pessoa-mercadoria). Se chego à casa de um amigo de ônibus, meu valor é inferior ao de quem chega de BMW. Isso vale para a camisa que visto ou o relógio que trago no pulso. Não sou eu, pessoa humana, que faço uso do objeto. É o produto, revestido de fetiche, que me imprime valor, aumentando a minha cotação no mercado das relações sociais. O que faria um Descartes neoliberal proclamar: "Consumo, logo existo". Fora do mercado não há salvação, alertam os novos sacerdotes da idolatria consumista.

Essa apropriação religiosa do mercado é evidente nos shopping-centers, tão bem criticados por José Saramago em A Caverna. Quase todos possuem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas. São os templos do deus mercado. Neles não se entra com qualquer traje, e sim com roupa de missa de domingo. Percorrem-se os seus claustros marmorizados ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Ali dentro tudo evoca o paraíso: não há mendigos nem pivetes, pobreza ou miséria. Com olhar devoto, o consumidor contempla as capelas que ostentam, em ricos nichos, os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode pagar à vista, sente-se no céu; quem recorre ao cheque especial ou ao crediário, no purgatório; quem não dispõe de recurso, no inferno. Na saída, entretanto, todos se irmanam na mesa "eucarística" do McDonald’s.

A Young & Rubicam comparou as agências de publicidade aos missionários que difundiram pelo mundo religiões como o cristianismo e o islamismo. "As religiões eram baseadas em idéias poderosas que conferiam significado e objetivo à vida", declarou o diretor da agência inglesa.

A fé imprime sentido subjetivo à vida, objetivando-a na prática do amor, enquanto um produto cria apenas a ilusória sensação de que, graças a ele, temos mais valor aos olhos alheios. O consumismo é a doença da baixa auto-estima. Um são Francisco de Assis ou Gandhi não necessitava de nenhum artifício para centrar-se em si e descentrar-se nos outros e em Deus.

O pecado original dessa nova "religião" é que, ao contrário das tradicionais, ela não é altruísta, é egoísta; não favorece a solidariedade, e sim a competitividade; não faz da vida dom, mas posse. E o que é pior: acena com o paraíso na Terra e manda o consumidor para a eternidade completamente desprovido de todos os bens que acumulou deste lado da vida.

A crítica do fetiche da mercadoria data de oito séculos antes de Cristo, conforme este texto do profeta Isaías: "O carpinteiro mede a madeira, desenha a lápis uma figura, trabalha-a com o formão e aplica-lhe o compasso. Faz a escultura com medidas do corpo humano e com rosto de homem, para que essa imagem possa estar num templo de cedro. O próprio escultor usa parte dessa madeira para esquentar e assar seu pão; e também fabrica um deus e diante dele se ajoelha e faz uma oração, dizendo: "Salva-me, porque tu és o meu deus!" (44, 13-17).

Da religião do consumo não escapa nem o consumo da religião, apresentada como um remédio miraculoso, capaz de aliviar dores e angústias, garantir prosperidade e alegria. Enquanto isso, Ele tem fome e não lhe dão de comer (Mateus 25, 31-40).

Frei Betto é escritor, autor do romance "Hotel Brasil" (Ática), entre outros livros.




A Cloaca do Penta


Confesso que bebo Coca-Cola. Ao longo da minha existência, devo ter tido as entranhas lavadas por uma Baía da Guanabara de Coca-Cola. Um oceano de Coca-Cola. Um século de imperialismo de Coca-Cola. Eu obedeço as placas que ordenam ‘Beba Coca-Cola’. Eu bebo Coca-Cola. E é assim, dessa condição de um animal que bebe Coca-Cola e que pela Coca-Cola é bebido que eu posso afirmar: eu tenho nojo dessa campanha da Coca-Cola em prol do Brasil na Copa do Mundo. Tenho nojo sobretudo desse comercial em que Pelé aparece suado, pingando, com o uniforme do Santos e, claro, bebendo Coca-Cola. O Pelé bebe Coca-Cola.

O leitor, telespectador que é, há de ter visto a peça em questão. A câmera, no começo, mostra dois pés calçados em chuteiras. O esquerdo pisa o chão. O direito descansa sobre uma bola de capotão. A câmera vai subindo vagarosa, num movimento de ascensão. Entra uma voz declamando uma paráfrase pagã do ‘Pai Nosso’. O texto da publicidade, cujo autor eu desconheço, faz um trocadilho de pai com pés, algo como ‘pés nossos que estais no chão’, sei lá, e assim segue a propaganda que, mesmo não sendo samba, evolui em feitio de oração. Surge o rosto do rei, suor no rosto, Coca nos lábios. Perfeição. A tampinha de Coca-Cola entra em cena, então, e, apenas para não deixar a rima em ‘ão’, tem o formato de um coração. E lá vem o slogan, que tem algo a ver com paixão. É isso aí: a publicidade se apropria das cores da bandeira nacional, do Rei do futebol e do ‘Pai Nosso’ para construir o valor da marca que, não por acaso, nada tem de nacional, nem de esportiva e muito menos de católica. É isso aí: eu sinto nojo.

A publicidade é uma superindústria sem cerimônia que fabrica sentidos e significações para a vida vazia dos sujeitos do público. Para nós. Cada um de nós se completa nos signos que a superindústria da publicidade nos oferece. Antes, essas significações eram proporcionadas pela cultura; hoje, são confeccionadas na superindústria. Quem sou eu? Antes, eu seria um brasileiro, um fã do Pelé, um cristão que gostava de rezar o ‘Pai Nosso’. Hoje, eu sou um bebedor de Coca-Cola, como um ralo, como um bueiro, como o Pelé. Por isso a marca da Coca-Cola tem tanto valor, porque ela se infiltra nos nossos mecanismos identitários, com o perdão da expressão, e com o perdão da rima em ‘ão’, e aí, infiltrada, ela nos diz quem somos. Assim como a Nike, essa aí que fabrica marca, e não tênis, que é uma superindústria do imaginário, e não uma empresa do ramo de calçados. É essa lógica do imaginário superindustrial que explica parte do gozo experimentado pelo sujeito diante da TV: ele vê ali o sentido (fabricado) do que não tem sentido, o sentido de si mesmo. Ele se pacifica. O consumo das mercadorias começa, portanto, pelo consumo das imagens (das quais o sujeito precisa para se explicar a si mesmo). E o consumo das imagens, como se fosse trabalho, como se ver televisão fosse uma forma de trabalho, ainda que não remunerado, é o que completa a fabricação do valor das marcas.

Voltemos à Coca-Cola, coisa gasosa que eu juro que bebo. Voltemos no tempo, também. Voltemos a 1957, ano em que Décio Pignatari, um pioneiro da crítica de TV no Brasil, fez o seu poema ‘Cloaca’, superconcretamente subversivo: ‘beba coca cola/ babe cola/ beba coca/ babe cola caco/ caco/ cola/ cloaca’. Se adjetivos aí fossem admitidos, poderíamos dizer: supercloaca superindustrial. Voltemos, enfim, ao juízo que nunca tivemos. O imperativo ‘Beba Coca-Cola’ entra assim nos desvãos da fé religiosa, do patriotismo, da devoção a um rei, nem que seja um rei do futebol. E cria seu valor. Como se fôssemos todos idiotas, todos inimputáveis, todos obedientes bebedores de Coca-Cola. É assim e, no entanto, funciona.

Eugênio Bucci, Folha de S. Paulo, 09/06/02