O acesso desigual ao conhecimento científico
O acesso desigual ao conhecimento científico acarreta:
- Controle sobre a produção, a distribuição e acesso as pessoas, cujo bem estar pode ser afetado pela falta deste conhecimento.
Ele é provocado pela “reserva de conhecimento” e pelas “fronteiras definidoras de desigualdade” (categorias).
Desigualdade categoria
Divide as pessoas em lados diferentes, em que um grupo é beneficiado e outro prejudicado.
Identidade social
“Elas dependem e conferem significados ás relações com outras pessoas. A identidade publica inclui fronteiras, relações através de fronteiras, relações no interior do ‘nós’ e no interior do ‘eles’, além dos significados acumulados atribuídos a fronteiras e relações.” (Patrão ou empregado).
A identidade se permeia dentro e fora da fronteira categórica.
As categorias sempre geram diferenças, mas não necessariamente desigualdade. (Marx, por exemplo, critica a desigualdade, mas não a diferença).
Desigualdade
- Pequena escala: Firma, lar, vizinhança ...
- Grande escala: é formada uma rede conectada de desigualdade.
Desigualdade categórica duradoura
- Caracterizadas por desigualdade de cor, gênero, nacionalidade, etnia, religião, comunidade, etc.
à Geram vantagens liquidas a um dos lados da fronteira.
à Reproduzem a fronteira.
Causas da desigualdade
- Exploração: Usa-se o esforço do outro e os exclui do valor obtido.
- Reserva de oportunidade: Grupos que dominam recursos e impedem outros de utilizá-lo, ou controlá-lo
Recursos geradores de desigualdade
Quadro 2
Os principais recursos geradores de desigualdade ao longo da história (p.53)
• Meios de coerção, como armas, encarceramento e especialistas no exercício da violência.
• Trabalho, particularmente o especializado e/ou coordenado de forma eficaz.
• Animais, especialmente os domesticados para alimentação e/ou para o trabalho.
• Terra, incluindo os recursos naturais nela localizados.
• Instituições que mantêm o comprometimento, como seitas religiosas, sistemas de parentesco,
redes patronos-clientes e diásporas comerciais.
• Máquinas, especialmente as que elaboram a matéria bruta, produzem bens ou serviços e
transportam pessoas, serviços ou informação.
• Capital financeiro – meios transferíveis e fungíveis de adquirir direitos de propriedade.
• Informação, especialmente a que permite a ação lucrativa, segura ou coordenada.
• Meios que disseminam essa informação.
• Conhecimento técnico-científico, especialmente o conhecimento que permite intervir, para
o bem ou para o mal, no bem-estar humano.
A propriedade de terra ainda é a base fundamental da desigualdade em países pobres. O Brasil passa por esta transição (Terra à Conhecimento cientifico). Porém sempre mantendo as bases da desigualdade.
O conhecimento científico se tornou uma das principais bases da desigualdade hoje.
Os quatro recursos geradores da desigualdade hoje
1º- Capital financeiro: Bancos, associações financeiras, etc.
“Redes de financistas, reduzidas e bem conectadas, podem prejudicar uma economia nacional deslocando seus investimentos de um local a outro.” (p.55)
2º- Informação: Pesquisas, achados, conhecimento, etc (informações estratégicas, como por exemplo, o funcionário que sabe onde se localiza o petróleo, este sendo cobiçado pelas empresas).
3º- Recurso gerador de valor: Publicidade, mídia, comunicação eletrônica, etc (Haja vista o poder das grandes mídias).
“A enorme quantidade de capital investido recentemente em publicidade, meios de comunicação de massa e comunicação eletrônica sugere isso.” (p.55).
4º- Conhecimento Técnico-científico: gera possibilidade de controle e de desigualdade sem precedentes.
“Graças ao desenvolvimento da indústria farmacêutica, da engenharia genética, da computação biomecânica, da microeletrônica, dos métodos de diagnóstico médico, das telecomunicações, do mapeamento geofísico e da exploração astrofísica, a inovação científica gera possibilidades de controle e, portanto, de desigualdade sem precedentes.” (p.55)
Há uma grande diferença entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento no controle do conhecimento. Afetando desta forma a saúde e o bem estar de milhões de pessoas.
Os produtores e distribuidores do conhecimento técnico científico têm interesse de reservar seu conhecimento e explorar seu uso.
A abertura do conhecimento técnico científico
Três teses apresentadas contra esta abertura do conhecimento.
- A tese da perversidade: A generalização do conhecimento acabará com o incentivo para o desenvolvimento de novos conhecimentos (farmacêuticos). Ou em mãos incompetentes ou malévolas o conhecimento acarretará mais danos que benefícios (médicos americanos organizam a distribuição do tratamento médico).
- A tese da futilidade: Necessidade de instruir as pessoas para que elas tenham acesso a este conhecimento, uma vez que elas não estão preparadas para recebê-los. Portanto deve-se esperar que a educação, a democratização e a civilização façam seu longo trabalho, preparando as pessoas para receberem os benefícios da ciência e da alta-tecnologia.
- A tese do risco: “tese do risco é a mais sedutora, já que chama a atenção para o alto custo da disseminação em todo o mundo de conhecimentos cruciais e para a utilidade de manter atuantes as pessoas e as instituições que contribuem para a acumulação de conhecimento.” (p.61) (patrocínios e patentes).
“Atualmente, os produtores e beneficiários do conhecimento desigual não sacrificarão facilmente suas vantagens. O custo, porém, será a persistência da desigualdade que prejudica, desnecessariamente, o bem-estar humano.” (p.61).
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Enunciado do Enem referente à desigualdade de acesso ao conhecimento. Um exemplo de barreira criada e propagada através das gerações e classes sociais.
“A sociedade atual testemunha a influência determinante das tecnologias digitais na vida do homem moderno, sobretudo daquelas relacionadas com o computador e a internet. Entretanto, parcelas significativas da população não têm acesso a tais tecnologias. Essa limitação tem pelo menos dois motivos: a impossibilidade financeira de custear os aparelhos e os provedores de acesso, e a impossibilidade de saber utilizar o equipamento e usufruir das novas tecnologias. A essa problemática, dá-se o nome de exclusão digital.”
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