terça-feira, 30 de junho de 2009

A história das coisas


Os vídeos abaixo resumem parte do que foi comentado em aula a respeito do capitalismo.

A história das coisas (Parte 1)

A história das coisas (Parte 2)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Grupo Google



Criei o Grupo Google, com o nome "Sociologia e Filosofia" onde já é possível encontrar o arquivo em slides sobre as primeiras aulas (capitalismo e socialismo).

Para entrar no Grupo basta seguir as instruções presentes site http://groups.google.com.br

Em breve serão postados novos arquivos!

Abraço a todos!

Morte de câimbra



BRASÍLIA - A indústria fabrica mais e mais carros “Flex” (a álcool e a gasolina), os usineiros fazem a festa, os preços só sobem, os consumidores se assustam e o governo ameaça intervir. Você não acha que está faltando alguém nessa história?

Todos estão pensando no seu bolso e no seu interesse, mas ninguém se preocupa com a base dessa pirâmide: o cortador de cana - um dos trabalhadores mais explorados do país.

É por isso que a CUT (Central Única dos Trabalhadores) dá um grito e a socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva, professora visitante da USP e titular da Unesp, quer saber o que, de toda essa pujança, de todos esses aumentos e de toda essa negociação em torno do “flex”, vai sobrar para os cortadores de cana, cujas condições ela acompanha há mais de 30 anos, principalmente na região de Ribeirão Preto (SP).

Esse trabalhador fica a ver navios boa parte do ano e se esfalfa durante a safra (Abril a Novembro) por migalhas, recebendo de R$ 2,20 a R$ 2,40 por tonelada de cana cortada. E ainda paga o transporte, a pensão, a comida. E manda o que sobra (deve ser mágico) para casa. Sim, porque a maioria é migrante. Deixa a família e desce do norte de Minas e do Nordeste para ganhar a vida - ou a morte.

De meados de 2004 a Novembro de 2005, morreram 13 cortadores na região, geralmente homens jovens (o mais velho tinha 55 anos). Há diferentes diagnósticos médicos, e os cortadores têm o seu próprio: “morte de câimbra” Sabe o que é? A partir dos anos 90, com as máquinas colheitadeiras; o sujeito tem como meta cortar 12 toneladas de cana por dia. Ai vem a câimbra nos braços; nas pernas e, enfim, no corpo todo. Na verdade, ele morre de estafa. Se é assim em pleno Estado de São Paulo, imagine como deve ser no Nordeste - em Alagoas, por exemplo.

Espera-se que governo e produtores se entendam para um preço justo ao consumidor. E que, um dia, os trabalhadores também tenham direitos - a voz, a pressão e à própria vida.

Cantanhêde, Eliane. Morte de câimbra. Folha de São Paulo, 6 jan. 2006. Opnião, p.A2.



Então pessoal, não é possível relacionar este caso com as diversas criticas de Karl Marx a respeito do capitalismo? Pensem sobre isso.

O barril e a esmola


Zombavam de Diógenes. Além de morar num barril, volta e meia era visto pedindo esmolas às estátuas. Cegas por serem estátuas, eram duplamente cegas porque não tinham olhos -uma das características da estatuária grega. (...)

Perguntaram a Diógenes porque pedia esmola às estátuas inanimadas, de olhos vazios. Ele respondia que estava se habituando à recusa. Pedindo a quem não o via nem o sentia, ele nem ficava aborrecido pelo fato de não ser atendido.

É mais ou menos uma imagem que pode ser usada para definir as relações entre a sociedade e o poder. Tal como as estátuas gregas, o poder tem os olhos vazados, só olha para dentro de si mesmo, de seus interesses de continuidade e de mais poder.

A sociedade, em linhas gerais, não chega a morar num barril. Uma pequena minoria mora em coisa mais substancial. A maioria mora em espaços um pouco maiores do que um barril. E há gente que nem consegue um barril para morar, fica mesmo embaixo da ponte ou por cima das calçadas.

Morando em coisa melhor, igual ou pior do que um barril, a sociedade tem necessidade de pedir não exatamente esmolas ao poder, mas medidas de segurança, emprego, saúde e educação. Dispõe de vários canais para isso, mas, na etapa final, todos se resumem numa estátua fria, de olhos que nem estão fechados: estão vazios.
(...)

Por Carlos Heitor Cony - A Folha de S. Paulo, 05/01/2000.