sexta-feira, 21 de maio de 2010

A manipulação midiática

Eua e a mídia na expansão imperialista (Capítulo 1)

Trabalho apresentado à disciplina Sociologia IX, do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Professor: Prof. Dr. Gilberto Barbosa Salgado


Autores:

Ana Paula Evangelista de Almeida

Eustáquio de Carvalho Sant´Ana

Rafaela Reis


“A paz mundial precisa ser nossa primeira prioridade. Mas não pode ser uma paz a qualquer preço, não queremos uma paz que nos traga humilhação ou capitulações graduais” Disse Reagan aos veteranos da guerra do Vietnã.


Os Estados Unidos, após 1945, puseram em marcha uma estratégia militar global, dividindo o planeta em regiões e delegando a responsabilidade do controle de cada uma delas a um “US Military Command”.

Isso foi feito principalmente no plano cultural, de acordo com a obra “A invasão cultural norte americana” de autoria da cientista social e historiadora Júlia Falivene Alves, o telejornalismo em toda América Latina segue os seguintes preceitos alienadores, influenciado pela indústria cultural norte-americana:


· Silenciar ao máximo sobre questões da política nacional que possam causar polêmicas ou descontentamentos.

· Privilegiar, em contra partida, esportes, cataclismos, crimes passionais, notícias sencionalistas, entre outras.

· Aumentar o espaço às notícias internacionais.

· Transmitir os conteúdos das informações de forma a conduzir muito mais ao conformismo do que à reflexão, divulgando dados soltos, em ritmo acelerado, sem dar tempo para a análise minuciosa do tele-espectador.

· Minimizar a importância dos movimentos populares, reações anti-imperialistas ou processos revolucionários.

· Etiquetar ou rotular as pessoas envolvidas na política, conduzindo o público a simpatizar ou antipatizar com elas, conforme o interesse do agente de divulgação.

· Utilizar grande volume de imagens que dêem ao telespectador a convicção de que o que se relata é verdadeiro.


De acordo com Adorno, a cultura industrializada “infunde a condição de que a vida desumana pode ser tolerada”, assim, “a cultura veiculada pela mídia transformou-se em uma força dominante de socialização: suas imagens e celebridades substituem a família, a escola, valor e pensamento, produzindo novos modelos de identificação e imagens vibrantes de estilo, moda e comportamento”. (ADORNO, 1985)

Atualmente, com o advento do computador, os acessos à internet e a outras mídias – principalmente os jogos eletrônicos – aceleram e aprofundam em crianças e jovens um processo de autonomia frente aos tradicionais e mais rigorosos controles educacionais.

A indústria dos jogos eletrônicos começou a se desenvolver no final da década de 1960, nos Estados Unidos e no Japão, e por volta de 1980 assistia-se a uma verdadeira “guerra de mercado”. Vamos citar alguns exemplos desses jogos:


· Command and Conquerer – neste jogo o Red Alert 1 e 2 coloca a disputa entre aliados e comunistas.

· Ragnarole Online – é um tipo de jogo RPG em que alguns reinos são copias de sociedades desenvolvidas como a Inglaterra e os Eua.

· Battlefield 1 e 2 – esse jogo se passa na segunda guerra mundial em que os jogadores podem escolher de que lado lutar, dos aliados ou dos nazistas.

· Medal of Honor – se passa na segunda guerra mundial, mas mostra apenas o lado aliado, única opção para o jogador.

· Fallout 1, 2 e 3 – é um jogo que supõe o que aconteceria se a guerra fira ficasse quente, isto é, se ocorresse uma terceira guerra mundial.

· Counter Strike – Um jogo que se passa em um ambiente fechado em que os jogadores optam em jogar do lado ocidental ou oriental (este ultimo caracterizado por terrorista, enquanto o primeiro por americanos). As armas disponíveis para esses grupos também se modificam, de um lado a M-16, do outro a AK-47.


Desse modo os jogos eletrônicos revelam a mais emblemática identidade com a realidade concreta, principalmente com a identidade de guerra, explorando heróicas reações contra grupos e indivíduos que se recusam a serem subjugados pelos códigos institucionais.

Produto da mídia americana, os jogos pregam a ideologia de que é preciso combater o caráter dos sujeitos malvados, de inveja e ambição destemidas que, em posse de armas poderosas e ultra-modernas, são capazes de escravizar povos que sua infinita arrogância julga inferior.

Muito antes do surgimento dos jogos eletrônicos, o cinema e as histórias em quadrinhos exploraram, de maneira igualmente maniqueísta, a ação dos heróis determinado, individual, moderada, sóbrea, auto-disciplinada, justa e em oposição a ação dos vilões rebeldes.

Como dizem Adorno e Horkheimer em “A dialética do esclarecimento”, (2005) na página 52: “Multiplicando o poder pela mediação do poder do mercado, a economia burguesa também multiplicou seus objetos e suas forças ao tal ponto que para sua administração não só não precisa de todos. Eles apreendem com o poder das coisas a, afinal, despensa o poder”.

E os Estados Unidos sabem fazer muito bem isso, já que o conflito é a pedra fundamental e a salvação da economia norte-americana, sustentada pela indústria bélica.

Para continuarem dominando como um Império absoluto é preciso que haja guerra. Só assim que poderão sempre renovar os estoques de arma, lutar como diversos ataques, e por fim, fincar sua bandeira tricolor em solos vencidos.

Assim aconteceu logo depois de 1948, quando a ONU decidiu que na antiga possessão britânica, dois países seriam criados, um judeu e um árabe. Inicia-se então a guerra árabe-isralense, que se segue até nossos dias e onde os Estados Unidos estão, a todo o momento, dirigindo toda a situação. Desde o início, aliado de Israel, os Estados Unidos forneciam armas e estrutura para a resistência e colocavam na imprensa mundial, Arafat como terrorista. A partir de 1970, com a mudança dos interesses econômicos dos Estados Unidos (principalmente com a crise do petróleo) o país procurou firmar uma aliança entre árabes e israelenses. Em 1974, Arafat discursa na Assembléia geral da ONU como representante da OLP (Organização Mundial do Petróleo) e começa a mudar, então, sua imagem de terrorista à líder nacionalista. Logo depois os Estados Unidos conseguiu, ao longo da segunda Intifada, tornar Arafat “um homem irrelevante”, como disse Bill Clinton. De acordo com a publicação (Época. Rio de Janeiro, n. 339, p. 81, 15 nov. 2004.) “O Hamas e a Jihad islâmica, os dois principais grupos terroristas, acusaram Arafat de traidor por admitir a existência de Israel, e se colocaram à margem de seu comando”.

Até o General sul-americano mais cruel do extermínio da oposição e mais eficiente no comando da economia, Pinochet, teve todo o apoio dos Estados Unidos. No dia 08 de julho de 1976, o secretário do Estado americano Henry Kissinger viajou a San Tiago para garantir a Pinochet que os Estados Unidos não interviriam nos assuntos domésticos do Chile, apesar de ter informação das torturas e assassinatos do regime.

Mas no ano de 1976 os Eua gastaram em torno de oito milhões de dólares para semear a discórdia no Chile, o que incluía propagandas e noticias falsas em jornais, dinheiro para opositores e apoio a grupos privados que incentivavam as greves.

Documentos liberados pelo Eua em 1999 mostram que o secretário de Estado também orientou seu pessoal a não pressionar o ditador sobre a violação dos direitos humanos.

Durante o secretariado de Kissinger o governo dos Eua reagia a diplomacia com outros países (Rússia, Alemanha, Cuba, etc.). Neste período o governo americano foi baseado no expansionismo por via cultura – softpower. Com Kissinger a “diplomacia” vira o centro das decisões e através dela o Eua tenta arbitrar a paz.

Em sua geopolítica o Eua teve como maior inspirador o professor da Universidade de Yale e diretor do Instituto de Estudos Internacionais; Spykman, que escreveu a obra Os Eua frente ao mundo. (1944). Ele criticava a noção de estratégia isolacionista de seu país, principalmente proposta pela doutrina Moure. Para ele o poder é um elemento intrínseco na relação entre os homens, e conseqüentemente entre os Estados. O poder para lê combinaria quatro elementos básicos: persuasão, compra, permuta e coesão. Ele discute a necessidade de organismos supra-nacionais: formação de alianças e blocos, bilateralidade e multilateralidade entre os Estados e de certa forma antecipa a geopolítica da guerra fria: “É evidente que a política de equilíbrio de poder, é em primeiro lugar, uma política para uso das grandes potencias. Os pequenos Estados, a menos que unam entre si, não podem ser mais do que pesos da balança usada pelos outros. O pequeno Estado é um vazio na área de alta pressão política” (SPYKMAN, 1944).

Isso tudo explica uma expansão de uma consciência anti-EUA. É nesse sentido que nos últimos tempos os diversos meios de informação vem mostrando a situação em que se encontra aquela população. Uma situação baseada no terror, na tensão de estar a todo o momento atento a uma explosão de atentados terroristas. A armadilha que montaram contra o mundo está se voltando contra eles próprios. “Ameaças” não seria o termo correto para descrever a repulsão que os demais países vêm lhes auferindo. Poderíamos dizer que isso é apenas uma conseqüência de uma lógica. De acordo com a terceira lei de Newton para cada ação uma reação, o modo de ser norte-americano estimula as relações recíprocas à sua política.

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