quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sociedade e trabalho


Em nossa sociedade, a produção de cada objeto envolve uma complexa rede de trabalho e de trabalhadores, inúmeras pessoas e especializações.
Para se produzir um simples pão, por exemplo, necessita-se apenas de trigo, água, sal e o fermento, mas para se obter cada um destes produtos são necessárias pessoas para plantar, colher e transportar o trigo, engenheiro que levem a água até o local de produção, pessoas para obter o sal, produzir o fermento e assim por diante, formando uma rede complexa de produção. Imagine por exemplo quantas pessoas estão envolvidas na produção de um caminhão que transporta o trigo, e outros tantos produtos.
Já nas sociedades tribais, todos fazem quase tudo, eles dedicam cerca de 4 à 5h de trabalho diário. Estes trabalhos geralmente estão associados a rituais e costumes de sua cultura, trabalham basicamente apenas o necessário para o seu sustento. Quem dita o ritimo de trabalho é a própria natureza.
É importante fazer uma observação interessante aqui, enquanto na sociedade capitalista o trabalhador dedica cerca de 8h de trabalhos diários, e no séc. XVIII cerca de 10 à 12h, as sociedades tribais (quando não há a interferência do homem, como degradações do ambiente e comercialização) vivem bem alimentadas e sadias, enquanto que na sociedade capitalista encontra-se trabalhadores miseráveis apesar de depositar tanto tempo ao trabalho.
Desta forma a idéia que temos de trabalho é diferente da idéia de trabalho destas sociedades tribais. A palavra Trabalho vem do latim tripallium, que significa instrumento de tortura, algo penoso. Desde tempos antigos até o feudalismo as pessoas se submetiam a trabalhos braçais e não obtinha recompensas significativas por ele, quando a recompensa não existia temos ai o trabalho escravo, muito comum em variadas sociedades ao longo da historia (Grécia, Roma, Egito, Europa, Colonização das Américas...).
Mas com o inicio do capitalismo começou a haver a necessidade de mudança do ponto de vista deste trabalho. Começou a ser necessário produzir cada vez mais produtos para vendê-los em regiões cada vez mais longes. Logo os artesões e pequenos produtores não agüentavam a concorrência das grandes manufaturas e das primeiras linhas de produção que estavam surgindo, se viram obrigados a trabalhar nestas manufaturas, para estes empresários. O trabalho por sua vez passou a ser visto não como algo penoso e torturante, mas como algo que glorificava o homem, que dava dignidade. Esta forma de pensar sobre o trabalho foi uma forma de incentivo para que os trabalhadores se sentissem honrados em se submeter aquele trabalho.
Para que houvesse essa mudança da ideologia algumas instituições contribuíram para isso, como dizia Karl Marx, “a ideologia de cada época, é a ideologia de sua classe dominante”. Vejamos então as Instituições responsáveis por esta mudança:

Igreja: Passavam a idéia que o trabalho era um bem divino, e quem não trabalhasse não seria abençoado. Ter preguiça era pecado. Ou seja, Deus ajuda quem cedo madruga!

Governantes: Criou leis e decretos que penalizou quem não trabalhasse. Os considerados vagabundos algumas vezes eram presos.

Empresários: Desenvolveu uma disciplina rígida no trabalho, como horário de entrada e saída.

Escolas: Começaram a passar a idéia, desde a formação das crianças que o trabalho era importante para a sociedade e era necessário se empenhar. Contos infantis como “A formiga e a cigarra”, os “três porquinhos” são exemplos.

Na verdade o que ocorria é que o trabalho dignificante continuava sendo penoso, e o trabalhador, como denunciava Marx, recebia apenas o suficiente para sua sobrevivência. As dificuldades encontradas pelo trabalhador que acabava de vir do campo ainda eram grandes, como dito anteriormente, a natureza era quem ditava o ritimo de trabalho, agora passou a ser o patrão com sua manufatura.

Fordismo e Taylorismo

Já no séc. XX, Henry Ford criou uma divisão de trabalho detalhada e encadeada, a conhecida linha de montagem, que possibilitava produzir muito mais em menos tempo, logo mais lucro para o empresário. Desta forma o trabalhador poderia ganhar um pouco mais, o suficiente para que pudesse comprar seu próprio carro, que também passou a ficar mais barato, uma vez que não consumia muito tempo na produção. Nasce desta forma uma era do consumismo, produção e consumo em larga escala.
O fordismo então se caracteriza pelo uso mais adequado das horas trabalhadas, a divisão e a especialização na linha de montagem.

O taylorismo por sua vez apresentava as mesmas características do fordismo, acrescentando que havia um sistema de recompensas e punições dos trabalhadores conforme o seu comportamento no interior das fábricas, estimulando-o desta forma a produzir mais. A divisão do trabalho era maior também, eles eram obrigados a fazer o que o gerente e administradores definiam, não mais atuando apenas em um ponto da produção.

Até os dias atuais, trabalhador é sinônimo de cidadão, aquele que atua na sociedade, ajudando a construí-la. Aqueles que não conseguem empregos são tachados como “inúteis sociais”, vagabundos, e muitas vezes são colocados como culpados desta condição. Na verdade muitas vezes a exigência de especializações cada vez maior pela sociedade acaba fazendo com que isso ocorra, excluindo aqueles que não tiveram oportunidade de acesso a educação. Logo muitos são vitimas do sistema, que acaba gerando diversas barreiras, e não culpados.

"A elevação do nível de escolaridade não significa necessariamente emprego no mesmo nível e boas condições de trabalho" 
O QUE JUSTIFICA ESTA AFIRMATIVA?

ANO --> VEICULOS --> Nº TRABALHADORES
1980 -- 1,5milhões -- 140 mil
2008 -- 3milhões -- 90 mil


TOMAZI, Nelson Tomazi. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Editora Atual, 2007.

 KARL MARX (1818-1883) -Vida e obra-

-Iniciou o curso de jurisprudência, mas caiu de inicio na boemia, escrevendo romances para sua amada e futura esposa de altos padrões sociais.
- Passou por muitas privações e miséria, dos seis filhos que teve três morreram.
- Começou a se aproximar da história e da filosofia.
- Marx começa a se preocupar com problemas políticos e sociais, como os trabalhadores que "roubavam" a lenha em locais que passaram a ser propriedade privada.
- O que para Marx parecia ser uma revolução política, passsaria a ser uma revolução social, modificando a estrutura da sociedade como um todo.


Ele sai do nível do discuros para entrar no nível do concreto. "Coube a filosofia a interpretação do mundo, cabe a nós mudá-lo".

"Em virtude do próprio desenvolvimento do Estado Moderno, surge uma classe , desprovida de todos os direitos e de todos os bens, por isso, de tal modo alienada que sua libertação só pode ser feita por meio da supressão dos laços opressores (REVOLUÇÃO) da sociedade como um todo, superando assim qualquer tipo de alienação."


Alternativa dos trabalhadores naquela época:

1-Ascenção: Não foi possível. (Rev Francesa entre outros.)

2-Fuga: Embriaguez / Prostituição / Suicídio / Religião / Criminalidade / Violência doméstica / Demência.

3-Rebelião: Ludismo / Cartismo / Associação trabalhista (futura luta de classe) / Sindicatos

Um comentário:

  1. Gostei muito dos temas escolhidos,para trabalhar com turmas de 2ª e 3ªano sou profª de ens. médio de sociologia. Valeu a contribuição.

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