quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O pequeno paradoxo das relações humanas

O trabalhador passou a puxar a sua própria carroça, ao invés de usar o burro, ao mesmo tempo em que o trabalho em massa é substituído por maquinas cada vez mais complexas, o trabalhador se sujeita a funções cada vez mais “pesadas”.

Enquanto o homem puxa a sua carroça no centro movimentado, o empresário sentado em seu banco de couro, com o ar ligado e tão alienado quanto sujeito que se encontra a sua frente, buzina incansavelmente imaginando como estão indo seus negócios sem sequer notar a presença do humilde trabalhador que se esforça para carregar a imensa quantidade de papelão, muito maior é seu esforço agora para dar licença ao senhor.

Insatisfeitos com o grande avanço tecnológico que o ferro proporcionou no transporte rodoviário, tiveram que dividir este grandioso avanço em classes econômicas, assim foi com os navios, aviões... o paradoxo da sociedade esta tão presente no dia-a-dia que acabamos por não ver nitidamente em todos os momentos, assim como o empresário que esta com pressa, o pobre sujeito com fome, ou qualquer outro cidadão que é por natureza alienado e sempre tentando saciar suas necessidades insaciáveis e desnecessárias. A cidade é o habitat do capitalismo e nela ele consome toda a sua energia, prega toda as suas pecas e lança todas as suas teias até o campo, com a televisão, por exemplo, chegando ao humilde agricultor (os poucos que restam, pois os outros são na maioria latifundiários, de média ou grande propriedade, me refiro ao trabalhador do campo em si), que passa a ver a sua realidade de maneira negativa e se sente infeliz com sua condição, principalmente por sua ignorância, pois não teve instrução para interpretar aquilo que vê na tv, alienado com a cidade, suas lindas praias (Rio por exemplo), pessoas bonitas (um dos novos conceitos de beleza que ele passa a ter) e felizes, pensa em se mudar para a cidade. Passa porem a ser mais um pobre trabalhador explorado do capitalismo selvagem e sem opções de vida e sem saber o que fazer, aceitando simplesmente a situação, infeliz porem, mais que no campo e sem opção de voltar na maioria das vezes. Isto quando ele vai para a cidade obrigatoriamente, pois onde ele trabalhava passa a ser um latifúndio, ou a modernização do campo, uma das teias do capitalismo (junto com o latifundiário) tirou a sua função.

Este é em minha opinião um assunto que foi pouco questionado nos textos referidos neste trabalho e que foi uma das principais conseqüências do cercamento do campo, no inicio do séc XIX, e do êxodo rural na Europa com a industrialização.

Os pobres constroem e conservam sobre mando dos ricos para que estes usufruam.

E o paradoxo continua não somente em cenas como no transito, mas em todos os momentos do dia, em qualquer ação que venhamos a fazer, pois tudo envolve dinheiro e nem todos podem fazer o mesmo, desde as mais simples necessidades (como higiene, boa alimentação...) até as coisas complementares (dignidade, afeto...).

O capitalismo pode não compra tudo, mas compra as pessoas, suas mentes, e algumas podem vender até de graça. Compra o sexo, porem não o amor, pois até o mais humilde trabalhador tem o amor de sua humilde esposa, e amizade de seus humildes amigos, e esta é a maior forca do trabalhador pobre, a união (um dos textos cita isso).

Porem esta união não deve ficar neste contexto apenas, devem se unir para a busca de dignidades, para a luta, para a igualdade como dizia Marx e não fugir para o alcoolismo ou aceitar as condições de vida como se fosse uma punição para se “entrar no céu”. Como diz Aristóteles ”Aqueles que não tem nada procuram se igualar, e aqueles já têm procuram ser superiores”. Talvez demore um pouco até os trabalhadores serem alguns dias superiores por um tempo considerável e não apenas enquanto durarem as suas barricadas.

A ambição do homem não respeita fronteiras, religiões, culturas em fim, a hipocrisia acompanha a ambição onde quer que haja riqueza, porem esta riqueza não dura nem sequer um instante a partir do momento que ela é dividida pelo homem capitalista, que não vê ou não consegue ver limites para as suas ações que destroem tantas vidas como algumas que já foram comentadas acima, tanto as ações quanto às vidas que sofrem.

Que espera ti trabalhador para se unir a seus companheiros e reclamar do que tu precisa, pois o que tu precisa tu tem de direito. Dia-a-dia sofrendo e suportando a dor, procure seu remédio trabalhador.

Ônibus que voltam ao entardecer cheio de mentes que não sabem o que pode acontecer no outro amanhecer, inseguros no trabalho e com medo de o emprego perder, “se conformam” em sua vida ter.

Eustáquio de Carvalho Sant’Ana

Nenhum comentário:

Postar um comentário