quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mídia como quarto poder e a influência da TV

Através dos tempos diversas formas de mídias foram se desenvolvendo. Nos tempos antigos, por exemplo, quem dominava o poder da fala (retórica) tinha mais chances de obter seus objetivos políticos ou financeiros através da manipulação e influência sobre as pessoas.


Como o tempo, novas formas de mídia foram sendo desenvolvidas (jornais, rádios, TV, internet), estes meios de comunicação passaram a atingir cada vez mais pessoas e áreas cada vez maiores do globo.


A população de modo geral acaba tendo cada vez menos tempo para si mesmo, com a rotina cada vez mais “apertada”, muitos possuem pouco tempo para poderem descansar. Ao chegar a casa, a primeira atitude é ligar a TV, logo o diálogo com a família passa a ficar comprometido, e não só este dialogo, como também a construção da própria opinião, da própria crítica aos fatos que ocorrem a sua volta.


A grande mídia, desta forma, passa a dar a crítica pronta aos seus telespectadores, da maneira que desejam os donos destes meios de comunicação. Mas não apenas seus telespectadores são influenciados pela mídia. Os poderes Legislativo, Executivo e o Judiciário também são pressionados por ela. Isto se dá de diversas maneiras: Por denúncias (como a de corrupção, de condições precárias em escolas ou hospitais, entre outros), quando dá foco a determinados acontecimentos como crimes bárbaros e passa a exigir da justiça a condenação dos responsáveis, ou alerta as autoridades para perigos que a população vem a passar (aumento do consumo de drogas, perigos como deslizamentos, entre outros). Ela, portanto, passa a influenciar nas decisões e rotina dos três poderes.


Evolução da mídia (Fora de ordem cronológica):


-Fala

-Escrita (Símbolos/ depois o alfabeto)

-Impressão Manual

-Impressão Mecânica

-Teatro

-Panfletos/ Folhetos

-Telegrafo

-Jornais

-Rádio

-Tv

-Internet


A Internet foi desenvolvida pela empresa ARPA (Advanced Research and Projects Agency) em 1969, com o objetivo de conectar os departamentos militares e de pesquisas, esta rede foi batizada com o nome de ARPANET.


Primeiramente utilizada por militares, posteriormente por cientistas, conectando universidade, e na década de 90 a sociedade passa a se beneficiar com a internet.

1990 – 80 países conectados


O que diferencia a internet dos outros meios de comunicação, principalmente a TV é o fato do telespectador não só receber as informações, mas poder respondê-las através de vídeos como no youtube, emails, blog, páginas privadas, entre outros.




Abaixo segue trechos do artigo de Rosa Maria Bueno Fischer, tratando a influência da TV na vida das pessoas. (Fonte: clique aqui)


Para Arendt, o terror dos regimes totalitários foi (e é) responsável por aniquilar a individualidade humana, a espontaneidade dos sujeitos individuais e dos grupos, enfim, a criativa ação humana, justamente por apostar no Grande Homem, numa espécie de coletivo que acaba por cingir a pluralidade, dissolvendo-a numa imensa massa informe, característica também desta sociedade, batizada de sociedade da informação ou sociedade do conhecimento – que Bauman (2001) chama de sociedade individualizada. Libertos dos obstáculos físicos, em virtude das novas tecnologias de informação e comunicação, muitos de nós – mas não todos nós – podemos nos apropriar de um mundo fantástico de imagens, dados, sons; temos um poder que não é deste mundo, como escreve Bauman, um poder desencarnado, que nos confere uma capacidade imensa de nos movermos e de atuarmos a distância. Ao mesmo tempo, muitos outros – e são seguramente muitos, quantitativamente, num país como o Brasil – acompanham literalmente a distância essa mesma possibilidade de liberdade de movimentos no reino do virtual, com uma perda que não podemos desconsiderar: as localidades às quais essa grande maioria se vê confinada, justamente pela força da outra realidade maior, do mundo on-line, são realidades que gradativamente perdem força e vitalidade, passam a carecer de importância.


Tudo indica que a TV aberta continua a ser, ainda hoje, a grande fonte de lazer e informação para a maioria da população. Ela certamente oferece uma janela para o mundo, uma possibilidade de acesso a informações imediatas sobre acontecimentos de diferentes pontos do planeta. Ao mesmo tempo, porém, esse meio de comunicação ensina algo que muitos depoimentos dos grupos de jovens confirmaram: vidas privadas e intimidades invadem o cenário público da mídia não exatamente para que haja uma interação com os espectadores, para introduzir uma nova discussão com relação aos modos de existência do público e do privado em nossa sociedade. Como assinala Bauman, no máximo o que se faz é fortalecer o privado em sua privacidade (ibid., p. 231). Programas televisivos sobre a intimidade das pessoas, sejam elas célebres ou não,

(...) são lições públicas sobre a vacuidade da vida pública e sobre o vazio das esperanças postas em tudo o que seja menos privado que os problemas e as soluções particulares. Os solitários indivíduos entram hoje numa ágora e não se encontram a não ser com outros que estão tão sós como eles mesmos. Voltam para casa tranqüilizados com sua solidão reforçada. (Bauman, 2001, p. 231; tradução minha e grifo do autor)


Aprendemos a falar das instituições públicas como cada vez mais impotentes: diminui significativamente o atrativo por temas que sejam de interesse comum; parece que reduzimos em nós a capacidade e a própria vontade de trazer os sofrimentos privados para o lugar da discussão de questões públicas: vamos internalizando um modo peculiar de olhar e tratar "a dor dos outros", como refere a pensadora Susan Sontag em recente livro (2003).


Para a TV brasileira, seja em suas peças sensacionalistas como Programa do Ratinho, Domingo Legal, Linha Direta,3 entre tantos outros, seja em suas telenovelas ou minisséries, seja ainda em seus materiais jornalísticos, como tão bem sintetiza a estudiosa Ivana Bentes:

(...) o que parece estar em questão é o imediatismo do espetáculo e no máximo a satisfação individual, mais que uma política do comum, ampla, constituinte e democratizante. A idéia de uma cidadania pela mídia – com prestação de serviços, informações de interesse coletivo, formação de "redes" de auxílio material, psicológico, emocional etc. – por enquanto é a face de um incipiente populismo de mercado, mas que guarda uma potência de transformação. (Bentes, 2003, p. 5)


É possível também observar, nos debates com jovens espectadores do programa Malhação, o quanto se cria um conjunto de estratégias de acolhimento desse público, formas de identificação, mesmo quando se trata de espectadores cujo perfil, a priori, não se enquadraria nos tipos humanos ali narrados. Meninas e meninos de classes populares afirmam identificar-se com os personagens de Malhação porque, como diz uma aluna, "eles também passam por dificuldades, que a maioria dos adultos acha que é besteira, mas que a gente passa também"; outra complementa, agora se referindo à novela Mulheres apaixonadas:5 a TV fala de drogas, fala de "duas pessoas que gostam do mesmo sexo".


Meninas e meninos de classes populares afirmam identificar-se com os personagens de Malhação porque, como diz uma aluna, "eles também passam por dificuldades, que a maioria dos adultos acha que é besteira, mas que a gente passa também"; outra complementa, agora se referindo à novela Mulheres apaixonadas:5 a TV fala de drogas, fala de "duas pessoas que gostam do mesmo sexo".


Ou seja, a TV mistura uma boa dose de não-verossimilhança (em Malhação, um dos episódios mostrou um personagem pedindo licença ao pai para ter sua primeira relação sexual) a aspectos amplamente passíveis de identificação, como os que se referem ao desejo de amar e ser amado, ao medo da traição, aos conflitos de gerações, ao grande segredo do sexo, entre outros. Ora, são esses elementos os que contam na elaboração das tramas novelescas, entrelaçados a valores, prescrições, opiniões, que certamente carregam a marca de opções políticas, ideológicas, econômicas, assumidas pelo roteirista, pelo diretor, pela emissora, numa certa época. Importa é que esses produtos tematizam de alguma forma a juventude brasileira, falam com ela, dirigem-se a ela, buscam-na avidamente na condição de público consumidor e posicionam-se como lugar de educação e formação das gerações mais novas.


Conscientemente ou não, teremos na TV, nas revistas de ampla divulgação, nos programas de rádio, um lugar de aprendizado a respeito de nós mesmos, da vida que levamos, um aprendizado de como vamos receber e ler, pessoas classificadas para nós como heróis ou vilões, cidadãos corretos ou como transgressores da ordem. Isso também ocorre com os personagens narrados no cinema, nos romances, nos livros de auto-ajuda, nos próprios materiais didáticos escolares. Interessa-nos indagar: como estamos aprendendo o sentido da vida pública em nossos tempos, por intermédio da mídia que consumimos? Bauman responde: estamos aprendendo que esta é, sobretudo, uma "sociedade dos indivíduos". Numa sociedade assim, o bem ou o mal que produzimos ou que sofremos parece que se deve exclusivamente a nós, a cada um de nós. É esse axioma que conduz as narrativas das vidas na TV.


Mas eles acabaram por confirmar a lógica maior: naquele ambiente de classe média, não usar um tênis de marca é na certa uma porta aberta para a exclusão, no mínimo para a crítica e o olhar diminuidor do outro. Um dos adolescentes brincou com a própria convicção de que, não atendendo às regras de consumo e de imagem, certamente se arriscaria a ouvir uma frase como esta: "Cara, esse teu tênis é de camelô...". Essa mesma turma de alunos viu-se cair seguidas vezes em contradições quanto a uma suposta abertura com relação ao outro que é diferente da norma, ou às próprias certezas sobre respeito às opções sexuais de quem quer que seja. No debate, listaram – em meio a risadas e ao apoio geral da turma quanto à "necessidade" de marcar esse diferente – vários colegas da escola, literalmente massacrados por seu modo "estranho" de vestir, de cortar ou pintar o cabelo, de caminhar etc. Incitados a falar sobre esses temas, a partir da exibição dos vídeos, meninos e meninas de 15 e 16 anos acabaram por manifestar-se parcialmente de acordo com a atitude da mãe de uma das personagens de Mulheres apaixonadas, que discriminava a relação homossexual da filha com a colega: "Bah, cara, já pensou? Meu filho chegar em casa e dizer pra mim que tá apaixonado por um cara? Não dá!".


Há que se distinguir as ações e os discursos que são mera conversa, simples meios para alcançar um fim, palavras e gestos mecânicos, previsíveis, daqueles atos e falas que se caracterizam propriamente como acontecimento, como matéria inesperada, sem resultados mensuráveis nem imediatos (Arendt, 2000, p. 197 e ss.).


Porém, essa mesma energia pode ser canalizada adequadamente, pode produzir obras maravilhosas, como alguns programas de TV que descobrimos em nossas buscas, filmes, obras de arte, poemas, como os próprios encontros que fazemos para estudar essa mesma produção; tal energia pode tornar-se a matéria a partir da qual criaremos modos e formas de vida dignas, diferentes possibilidades de ampliar e diversificar o capital cultural de crianças, adolescentes e jovens neste país.

3 comentários:

  1. Caro Eustáquio

    Gostaria de parabenizar pelo blog e por todo o trabalho realizado como educador e claro como professor de sociologia.

    Abraços

    Sua fã
    Evangelista

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  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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